quinta-feira, 5 de março de 2009

vento

Estou cansada, cansada, cansada. Estou cansadíssima, exausta, sem fôlego. Tenho um peso nas costas, nos rins, nos ombros, ao longo do dorso. Doem-me órgãos que nem consigo nomear. O pescoço está tenso, fatigado, contraído. A cabeça está tão insuportavelmente preenchida com ideias, emoções, pensamentos, planos, objectivos, expectativas, números e letras que parece vibrar em todas as suas funções.
Mas o que mais me dói parecem ser os pulmões, o peito, a caixa toráxica. Sinto que sou eu que sopro, do infinito de mim, este vento horrível, rodopiante, frio e violento que varre a estrada, o campo, os prédios, as antenas, os telhados de zinco e sobe pelo poço do elevador e sacode as folhagens e levanta o lixo.
Cansa-me e adoece-me, este vento.

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