terça-feira, 7 de abril de 2009

as notas soltas

Ontem à noite, enquanto cirandava nos meus rituais de início de serão, ia ouvindo as notícias na rtp1. Ainda me prostrei em frente à televisão, uma meia no pé e outro pé descalço, entre o despir e o tomar banho, em frente ao Fernando Mendes para ver se a mulher de ar acriançado e cabelo muito comprido acertava no preço da montra final, em euros, mas não, e não arranquei logo para a banheira porque as chamadas dos noticiários, tal como as gordas dos jornais, existem é para nos prender, e por ali fiquei mais um pouco, a baloiçar no sofá-baloiço, atenta aos desenvolvimentos sobre o sismo em Itália, por ser sismo e por ser em Itália, consciente de que o número avultado de mortos das guerras e das fomes não constitui chamada nem manchete, porque "estórias" dessas já não nos detêm de caminhar directamente para o duche. Depois o José Alberto Carvalho trouxe em directo de L'Aquila um estudante de erasmus e tentou, inutilmente, arrancar-lhe alguma coisa de novo e emocionante, e foi aí que me fiz à casa de banho. Preparei depois a minha açorda instantânea e, entretida na cozinha, por entre o cheiro dos coentros e as investidas do cão que queria festa, iam-me chegando da sala risadinhas cúmplices e infantis, e comentários sobre a primeira dama americana e as peripécias da sua vinda à Europa. Pensei para mim, "esta Judite de Sousa gosta mesmo deles carecas e roliços!"

Sem comentários: