quarta-feira, 2 de abril de 2008

Botas ou sandálias?

A forma como vejo e sinto a vida é, por vezes, tão estranhamente antagónica que me pergunto na realidade quem sou eu, ou no que consiste a substância do meu "ser".
Quer dizer, se eu tivesse quinze anos era aceitável. É daquelas idades em que a maioria de nós não sabe bem o que é, o que quer, o que anda aqui a fazer e se "it's nice to be important" ou "it's more important to be nice"...
Mas esperava chegar a esta idade, mais ou menos crescida, e ser uma daquelas pessoas de cabeça levantada, andar firme e atitude decidida. E não sou.
Certamente vou pensar, daqui a dez anos, que o que sinto hoje é normal e dizer, uma vez mais, aquilo que já hoje repito tantas vezes e que é das frases que mais abominava quando era miúda: Se eu soubesse o que sei hoje... (dito com um ar melancólico e sorumbático para ter o efeito que é suposto, claro!).

Mas não me quero perder, porque a história do Chouriço só tem piada para quem ouve a primeira vez! (Constato com alguma pena que a partir daí vai sendo cada vez mais insuportável, acreditem!! E só há mesmo uma pessoa em todo o planeta que compreende o que acabei de escrever).

Voltando ao início, é com frequência que me sinto dona de uma personalidade frágil, recorrendo ao eufemismo.. E sabem onde é que noto mais esta característica? Nas Finanças! A sério! Tinha de dizer isto, estava a sufocar-me há anos!!
O.k., as Finanças são o bode expiatório (se fosse só as Finanças!), mas são um grande exemplo.
Os sapos que eu engulo daquelas senhoras mal-dispostas e irritadas! E depois parece que "cheiram" as vítimas. Se chegar lá uma senhora emproada ou a fazer peito, elas encolhem-se que nem bichos de contas. Mas a mim topam-me logo. Para já, começo por dizer bom dia ou boa tarde: boa educação? Não! Sinal de fraqueza. Depois pergunto se posso só pedir uma informação, em vez de pedi-la logo.
Saio sempre das Finanças a ouvir uma voz cá dentro que me diz que devia ter esmurrado alguém.
Mas isso é um absurdo, é óbvio!
Pelo sim, pelo não, é melhor mandar cá para fora porque estes sentimentos recalcados não fazem bem a ninguém.

E agora que me sinto muito mais aliviada, avanço para o que me trouxe aqui hoje.
Uma amiga aconselhou-me a visitar um daqueles sites engraçados para testarmos a nossa personalidade e fazermos comparações que nos levam a conclusões curiosas.
Acho que alguns destes sites (alguns!!) são realmente interessantes e acredito que as opções que se nos deparam têm como base elementos de fundo de análise psicológica. Mas normalmente é uma tortura para mim fazer determinadas escolhas. E não sei se por aí posso reforçar a minha ideia de que tenho um sério problema de falta de personalidade ou se, por outro lado, sou simplesmente uma pessoa... eclética! Quer dizer, eu sei lá se prefiro uma tarte de limão e natas, fresquinha, doce mas levemente ácida para contrastar, suave mas consistente, que combina a arenosa textura do miolo da base, com o creme frutado do interior e a cobertura glácea; ou uma fatia de bolo de chocolate, intenso, fofo e recheado de pepitas de chocolate aqui e ali, coberto de avelãs finamente picadas e... e ainda dão mais sete ou oito hipóteses de escolha!!! Não está certo!
Isto até pode ter uma explicação fácil: sou gulosa. Aceito.
Mas e se me propuserem umas férias numa casa de madeira rústica, no alto de uma montanha salpicada de neve, com vista para um lago gelado, onde eu possa fazer actividades, passear com cabras maltesas e passar serões à lareira com o grupo de amigos, a ver um bom filme, a jogar um jogo divertido e a contar anedotas? Bem fixe... se tentar esquecer o cenário paradisíaco de uma praia de areia branca, com um mar infinito à minha frente que de tão azul parece verde ou de tão verde parece azul e se nota mesmo pela foto que a temperatura é quase tão quente como a do ar, onde posso beber granizados de todas as frutas e não ter de me preocupar com o que vestir ou calçar e esperar pela noite, também quente, também paradisíaca.

Está decidido. Sou eclética! Gosto de doce e de salgado; gosto de frio e de quente; gosto de música e de silêncio; gosto do clássico e do moderno, do típico e do inovador, do habitual e da excepção.
Não gosto do exagero, não gosto do insuficiente, não gosto de tudo, não gosto de extremos.
Gosto do que é suportavelmente bom porque o que é insuportavelmente bom... é mau.
Gosto do que para mim é bom.
Não confundam. Não sou fácil de contentar. Sou... eclética! Ah, e indecisa...

2 comentários:

centrípeta disse...

Sim, és eclética!!
E muito "experimentadeira" as well...

Já viste, no fundo tu não queres (e acho muito bem) renunciar a hipóteses. Até porque quem acredita que não há bem nem mal, certo ou errado... só diferente, todas as opções à partida parecem válidas.

Café ou água?
Descansar, dormir atá mais não ou gozar do miminho das crianças, coladinhas ao nosso peito?
Uma estrada aberta à nossa frente, sem destino aparente ou um megafone para reclamar?
Os corpos enleados ou o companehirismo em forma de braço por cima dos ombros?
Quarto cuidadosamente arrumad ou em estilo caótico organizado...?
Viajar ou ir às compras?

Eu percebo-te... :)


**tua m*

Cöllybry disse...

A vida hás vezes é complicada, mais sentir nosso interior com a vida tão barrulhenta e apresada, e por vezes queremos a não querer e não queremos a querer
assim ficamos por saber o que se realmente se quer…

Gostei de Te ler

Doce beijo e meus rastooooooos

http://olharindiscreto.blogs.sapo.pt/