segunda-feira, 14 de abril de 2008

E foi assim que aconteceu

A noite estava fria, gelada. Na Serra então, parecia que ia nevar! Mas eu sentia-me animada, feliz por ter aceite o convite e por estar a dar a volta por cima, depois de um ano emocionalmente complicado. Rompi com o costume de recusar sistematicamente os poucos convites que tinha para jantares, por não me apetecer estar presente. É verdade que o que normalmente faria era mesmo ficar em casa e fingir que as coisas lá fora não tinham nada a ver comigo. Mas desta vez fui.
Tagarelar com a Maria até lá enquanto fazia o IC19 fez-me sentir bem, como se aquela noite cheirasse a uma mudança definitiva na minha atitude. A seguir seriam os colegas mais chegados da faculdade e, com sorte, mais para o final da noite, regressaria a casa a sentir que tinha valido a pena arejar.
Não esperava encontrar-te, conhecer-te. Pensei que não teria surpresas nessa noite. Esperava que fosse agradável mas sem sobressaltos. O meu coração não me pedia isso nesse momento.
Usava um cachecol às riscas. Estava um bocado hippie, ou é assim que me recordo hoje. Estava muito pálida e o cabelo parecia mais escuro que nunca, como me disseste mais tarde e como mostram as fotografias que hoje vejo dessa noite. Mas lembro-me de rir muito. De sorrir. Como se estivesse inebriada.
Tu.. lembro-me apenas que vestias uma camisola lisa, verde, e que usavas os óculos de aros pretos, ainda os primeiros que te conheci. Lembro-me da tua voz, das brincadeiras constantes de quem gosta de chamar a atenção sobre si e do som das gargalhadas. Perguntava-me se serias mesmo assim ou se estavas a tentar reclamar um lugar de destaque, porque, estranhamente, parecias muito à vontade, muito embora tivesse percebido que não conhecias as pessoas presentes, à excepção daquela que nos era comum...
Fiquei intrigada mas não percebi imediatamente que a minha curiosidade iria continuar a crescer até se tornar insaciável.
A continuação da noite para além das Azenhas, no cenário confortável do Penedo, em muito contribuiu para essa curiosidade crescente.
Seguiu-se aquela semana completamente surreal.
O normal seria não ouvir falar mais de ti. Mas sei agora que, desde cedo, tudo se desenrolou de uma forma muito fora do normal.
Naquele segundo sábado, apenas me lembro de dar por mim a desligar o telemóvel, em plena Rotunda do Marquês, depois de te ter avisado que estava a caminho. Estava a caminho.
Não faço ideia de como foi esse meu sábado, com quem estive, o que fiz, o que terá sido o meu jantar.. para mim esse sábado começou depois das 22h30 talvez, no Marquês de Pombal, com uma mão no volante e a outra a segurar o telemóvel.
Atravessei o Bairro, no meio de um trânsito já infernal, para encontrar alguém que sei que não me esperava. E perguntava-me, pela primeira vez, se a minha presença não seria inconveniente e indesejada, apesar de ter existido um tímido convite, algures no meio da estranha confusão que foi aquela semana.
Algumas horas depois, quando respondia a inquéritos bem intencionados sobre os meus conhecimentos futebolísticos e olhava o teu ar embaraçado no meio de um quarteto cómico que formámos com aquele par de jarras, percebi que era ali que tu me querias e que era ali que eu queria estar. Naquele bar da Rua da Rosa, a conhecer-te melhor.

3 comentários:

centrípeta disse...

Um dia sempre acontece...
Não são palavras minhas. Mas de "um" pacote de açucar!! ;)

http://otemporuge.blogspot.com/2007/10/porque-o-tempo-ruge.html


Beijos muitos, é bom ler-te.

**tua m*

Semente disse...

Não podia deixar de comentar este post né?
Estava a ler-te com um sorriso que mantenho até agora,
já a escrever-te :)

Fico mesmo muito feliz por ti, por ele, por vocês.

E, apesar de assumir uma percentagem reduzida da culpa, sei que a culpa não foi minha :) foi do destino, foi de vocês mesmos.
Teriam de ficar juntos, independentemente de se terem conhecido num jantar ou noutro sítio qualquer.

Tinham mesmo de ser!
Felizmente, calhou num jantar onde eu estava presente :) eu e os outros.

Muitos beijinhos de felicidade.
E em, breve comemoraremos melhor o resultado dessa noite fria de inverno que te aguçou a curiosidade.

Anónimo disse...

O Porto perdeu com o Boavista e a gaja que so me fazia lembrar a Liz Hurley teimava em gozar comigo, mal sabia ela que num fechar de olhos iria ter de levar comigo.