quarta-feira, 16 de abril de 2008

happy ending

Sentia-se ansioso e emocionado.
Tinha ainda algumas coisas para fazer, coisas de última hora, que têm mesmo de se deixar para a véspera, e não tinha planeado um dia diferente precisamente para não sentir essa "diferença" que o deixava mais nervoso.
Se conseguisse ter o que fazer, dentro da maior normalidade possível, estaria ocupado e não teria tendência para pensar muito em como iria correr o dia seguinte. Mas era inevitável que o pensamento lhe fugisse de quando em vez para outras paragens, para o campo da imaginação. Quando caía em si novamente, fazia um esforço para se concentrar no presente, sem conseguir evitar uma pequena onda de calor a percorrer-lhe o corpo e um ligeiro suor nas palmas das mãos.
Iria correr tudo lindamente. A expectativa era o mais agradável e ninguém lhe poderia retirar isso. Quando os pensamentos teimavam em voar para o futuro, tentava pensar mais além, para dispersar o nervosismo. Imaginava a viagem, depois da cerimónia e da festa perfeitas, e o regresso para uma vida nova e cheia de desafios. Se não se concentrasse muito num momento específico, o coração acalmava e encarava tudo com uma estranha normalidade.
Já no próprio dia, pouco tempo antes, os sentimentos eram semelhantes mas mais intensos e conseguir descontrair era uma tarefa mais complicada. O sorriso estava presente como se alguém tivesse ligado um interruptor. Não que fosse falso, mas era um sorriso de nervos e de uma expectativa que vai muito além das mãos suadas.
Nada se passou de forma trágica, como nas novelas ou em dramas cinematográficos. No meio da confusão de gente que bebericava e tagarelava entre si, por entre os odores de vários perfumes que se soltavam de écharpes esvoaçantes, o rosto da irmã surgiu, o único ali que não estava como devia estar, porque não era dia de ter aquela expressão, era dia de sorrisos de nervos e expectativa.
E ninguém percebeu, e continuaram a bebericar e a tagarelar, enquanto ambos se recolhiam, para ele saber que o melhor que teve daquele dia, foi a feliz expectativa da véspera...

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que este texto é para mim! Espero bem que sim, porque adapta se perfeitamente a vestera do nosso casamento e ao meu estado de espirito.