Na perspectiva de mera observadora, incomoda-me que hajam pessoas que reduzem o conteúdo das suas vidas à presunção do iminente falhanço sentimental. Conheço pessoas assim, que me procuram para me perguntar o porquê. É uma busca desesperada. Sinto que se agarram a mim, como que a uma bóia, na tentativa de que a minha resposta seja a salvação. Não entendem que não há salvação nos meus conselhos, nas minhas respostas. Apetece-me gritar-lhes que é óbvio. Que enquanto as suas vidas se resumirem à constante procura de resposta para a pergunta 'porque sou um falhado?', nunca vão realmente viver. Incomoda-me mais ainda assumir que são amigos, estas pessoas que nos valorizam pelas respostas apaziguadoras que lhes damos em momentos de maior desatino e aflição. Amigos que nunca sorriem connosco e apenas nos procuram para nos mostrarem que, ao contrário de nós, que somos sortudos e amados, eles continuam sós e miseráveis.
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