quinta-feira, 11 de setembro de 2008

hoje

vi-o quando estacionava.
vinha ele a caminhar penosamente, sem pressa, com o saco da marmita na mão.
reparei que era jovem e tinha a pele escura, talvez queimada do sol. talvez fosse mesmo mulato.
uma hora depois, à saída do parque, lá estava ele sentado na berma do passeio, perto do portão da entrada, com ar cansado e o saco da marmita aos pés.
calculei que contava lentamente os minutos da sua pausa solitária, para regressar de novo ao trabalho. ousei tomar como certas as minhas suspeitas sobre a sua amarga solidão.
um novo olhar oblíquo para o seu aspecto andrajoso e pensei que nunca antes senti tanta compaixão por alguém como naquele momento.
sou mesmo um caso perdido.

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