quinta-feira, 25 de setembro de 2008

não me estampei nem nada! não é preciso exagerar...

No meio da absurda situação que é bater no camião à nossa frente sem perceber muito bem como é que aquilo aconteceu, dou por mim a pensar que me incomoda muito o facto de não receber o mínimo troco do condutor. Assim. Como se eu fosse uma libelinha e ele um elefante. Continua a andar como quem deixa cair um tremoço insignificante no chão da tasca e eu fico ali, encostada na berma, ainda pasma com a estupidez da minha performance, entre o receio de sair para ver os estragos e a vontade de me esbofetear. Sempre a pensar que o gajo não me ligou nenhuma e que eu tenho mais é de estar agradecida por isso. Em vez dele, podia ser um Volvo reluzente com um condutor sexagenário picuinhas. Ou pior. Muito pior! Podia até ser uma mulher! Saio e as lesmas continuam no pára-arranca ao meu lado. Não pareço despertar muito interesse. Valha-me isso! Dou a volta pelo lado maior, para adiar a revelação. Não pode ser. Descobri que o meu carro é frágil, frágil, coitado, na sua chapa de lata de salsichas e plásticos reluzentes. Como é que pode? Ainda agora aconteceu e já se notam os hematomas? Nos carros é assim: o que acontece vê-se logo ali, na chapa, não fica escondido no motor, no carburador ou noutro sítio com nome estranho, que nem emoção recalcada.
Gostava de ser como o meu carro. É um herói e sofre com valentia as consequências dos meus erros (mais idiotas). Para não falar nas obscenidades impacientes que ouve (da minha parte) com tanta condescendência. Agora está marcado, o pobrezinho. Nada de mais. Como uma herpes que eu não lhe consigo disfarçar com pensinhos Compeed.
De resto, tudo igual.
Entrei no carro novamente. Pisca e faz-te à estrada porque o ginásio está à espera e ainda há muito para fazer até chegar à cama. E assim foi. Adormeci pouco depois da meia-noite e dormi profundamente.
Hoje quase (quase) parecia que acordava de bem com a vida.
(Não se deixem enganar. Eu sou uma pessoa feliz.)

1 comentário:

Semente disse...

assim de repente, fizeste-me lembrar daquela que parou na rotunda e lhe bateram na traseira e fugiram...

Ela era uma pessoa que metia medo a qualquer um...

;)