são sete anos.
ontem custou-me adormecer porque me lembrei, sem precisão, que fez sete anos.
lembro-me que foi há sete anos porque tenho como referência o 11 de setembro, o qual já não presenciaste. lembro-me também que foi neste mês, o mês em que completavas mais um aniversário.
soube por telefone e lembrei-me, num flash, da noite em que entrei no bar, com os inquéritos de SPSS que distribuiria pelos amigos, para ajudar no trabalho da faculdade. não estava à espera de te ver, a ti e ao meu professor de português preferido, em familiar tete-a-tete.
pelo telefone, de volta à realidade, ela repetia a mesma informação. respondi calmamente que tinha percebido bem. desliguei e estranhei-me por não chorar. em vez disso, fui acabar de almoçar. era sábado. porque havia de chorar? era uma fatalidade do destino, mas não uma fatalidade que me tocasse a mim. nunca nada nos havia unido daí que nada do que ouvira nos separava afinal.
ontem custou-me a adormecer porque, sem querer, me lembrei de mais pormenores e porque conclui que, então como agora, foste sempre uma perda. e vieram-me à ideia os sorrisos, as mãos suadas, os amargos de boca e as desilusões. as voltas da vida, as mudanças e a reincidência na tua presença constante e distante, durante uns tempos que parecem ter sido há mil anos.
lembro-me menos do que seria de esperar mas muito mais do que seria preferível.
sei hoje, pela nitidez do ontem, que esse passado longínquo em que ainda existias, nunca se desvanecerá na minha memória.
1 comentário:
Boa Tarde
Lamento pela sua perda
Amizade
LUIS 14
Enviar um comentário