Estive ontem demasiado entretida a (tentar) perder calorias e modular o ventre, para conseguir prestar as devidas atenções à actualidade política nacional e ao jogo de Portugal, cujo desaire já havia previsto, perdoem-me se faço ilações óbvias da ostentação injustificada de vedetismo que se tem verificado em meia dúzia de estrelas que saem das aldeias mais remotas, das tocas insulares de fim de mundo ou dos acampamentos ciganos, e usam anéis DG e brincos idem-idem, aspas-aspas, com diamantes e tudo, e até penteados muito à frente, ainda com vestígios da acne nojenta que lhes enchia o rosto na época em que jogavam realmente bem, nos pelados lá da rua, e hoje têm aos pés mulheres de categoria semelhante e curvas generosas que foram (ou são), também elas, adolescentes de feira e olho guloso para os boys da band e gente desta laia, sem grandes talentos ou dedos de testa, mas com tiques de hollywood e muito dinheiro, graças a deus. Dizia que, mesmo depois de regressada ao lar, apostei mais na atenção à raposinha doméstica e até tive paciência para o meu brushing e lá fui ouvindo, de longe, a vergonha nacional (que amanhã pode ser glória), narrada já sem paciência pelos senhores da tvi. Ocorreu-me uma vez mais que se nunca tivesse conhecido o Valdemar Duarte em pessoa, não diria que ele é a besta quadrada que, efectivamente, é. Talvez porque tenha boa voz. Nunca lhe devia ter conhecido mais que isso e mesmo assim, em certo contexto, já foi suficiente para o mandar para a boa da senhora mãe dele. Antes de chegada a casa, porém, e ainda na passadeira milagrosa a 9 km/hora assistia ao mea culpa que se ia desenrolando no écran da sic notícias, a propósito do atraso na entrega do orçamento de estado para 2009. Uns que não há culpados, outros que dizem assumir a "culpa política" (presumi que há vários tipos de culpa sobre este assunto) e pensei para mim, 'andei eu todo o dia a trabalhar, esfalfadamente, enquanto estes gajos discutiam em assembleia a merda da gravidade do atraso de três horas na entrega do orçamento como se isso salvasse este país de condenados'. Até já se me crescia uma raiva miudinha e só me faziam lembrar aquele anúncio do professor e do preservativo em que os alunos se vão erguendo e repetindo 'é meu', 'é meu', 'é meu', em solidariedade comovente, e pensava eu 'vão mas é para casa ver a merda de jogo que vai dar daqui a pouco'. E não me enganei.
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