O limite da nossa permissividade está sempre dependente de nós: a permissividade em relação ao que se tolera, ao que se abdica, ao que se vive, ao que se é. Sempre fui muito, leia-se demasiado, permissiva. Ainda sou. Sempre atribuí a esta característica uma conotação nublada, variável de situação para situação. Em alguns casos, a minha permissividade era assumida como tolerância, noutros como boa-vontade, noutros ainda como uma visão democrática da maneira de ser dos outros, mesmo quando esse factor externo tinha implicações directas na minha vida. Na maior parte das vezes, no entanto, deixei que permissividade e amizade se fundissem (e confundissem) até ao ponto de se tornarem indissociáveis. Também aconteceu no amor. Quando acordei para os primeiros sintomas desta infeliz realidade, tentei mudar as coisas mas só consegui remediá-las e adiar desilusões. Hoje tento evitar que esta minha exagerada permissividade se assome nas minhas relações com os outros. Tento que seja contida, regrada. Predisponho-me a sofrer mais desilusões ainda, como consequência de anos de permissividade, desde que essas desilusões assumam um carácter definitivo. Quero cortar as lianas sombrias que me prendem a pessoas das quais, na realidade, não preciso. É tão bom, tão intensamente bom, ser desejada por tão poucas pessoas e sentir que esse círculo é tão mais forte do que o elo gigante que me liga a mil ninguéns.
Percebo isto quando chegam as boas novas que, afinal, já não me dizem nada.
3 comentários:
Been there done that...
O q é estranho é q quando era mais nova era menos permissiva do q sou hoje, hoje acabo sempre a dar o benefício da dúvida a toda a gente, nem sempre me corre mal, mas acho q na maior parte das vezes...
Gosto da tua maneira de escrever. ;)
Beijito
Acho que se bate com a cabeça nos dois opostos e depois é uma questão de equilibrio, de se saber perceber as pessoas e experiência de vida para saber o que se deve dar e a quem. Porque acho que quando se permite de menos ou demais, significa que se tem medo, quer que nos magoem, quer de não ser aceite.Acho que com o passar do tempo se começa calmamente a perceber, que a questão não é tanto o que se permite ou não,ou o que se dá ou não, mas sim quando começamos a conhecer o nosso próprio espaço,a nossa "bolha" e a saber quando tolerar implica fazer mais mal a nós do que bem à(s) outra(s) pessoa(s)
Sinto que fui mais permissiva do que sou nesta altura talvez, por excesso de permissividade noutros tempos. A alma fica amarga e com medo de nova submissão... o equilibrio não é fácil de se encontrar...eu também o procuro, e como gostava de o encontrar... fazia-me bem a mim e a tanta gente...A assertividade é um dom...mas, não resulta sempre ;)
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