sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Porta 17 Sector 14 Fila J Lugar 8

A noite de ontem foi de caminhadas a passo largo, a passo de corrida. Foi de reencontro com o mundo social que se mistura entre si, no regresso a casa, fora do habitáculo impenetrável do automóvel. Adaptação às diferenças.
Foi noite de esperar, irrequieta, por um comboio enquanto outros passavam. Pressa e espera. Pressa emergente, espera impotente.Foi noite de precipitação e desejo de voltar o tempo atrás. Noite de acumular de bilhetes, uns grátis, outros nem por isso. Noite que, mais tarde, alguém chamou de 'desinspirada'.
Foi noite de resignação. Noite de apanhar o comboio e voltar para onde tudo havia começado. Noite de, ao chegar, fingir que nunca tinha partido.
Como se consegue tornar romântica uma noite de frustração....
Se as matemáticas não me falham: um bilhete a uma média de vinte euros, com entrada apenas na segunda metade, passa para dez; com saída antes do final, tiram-se mais uns cêntimos; descontando cinco e quarenta para transportes públicos sobram aí uns dois ou três euros que não compensam o dolo pessoal.
Terminei a noite com saldo negativo.
There's no such thing as free lunches!

1 comentário:

Luís Filipe Pires disse...

Romântica?
A solidão com que nos confrontamos com o nosso efémero e tomamos consciência do devir que passa pelo nosso corpo não abranda a dor de nos descobrirmos ainda frágeis e em estado de infância. No entanto, é esse estado de inocência que deixa brincar com as luzes da estação, cantar com vento que abafa os guinchos dos comboios e transformar os nossos medos em monstros de brincar que ameaçam saltar da estante do nosso quarto longínquo.
filipe pires