quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

o que não é fácil de entender

Na época do menino Jesus, é fácil tentar fazer o povo acreditar em pequenos milagres. É fácil fazer-nos acreditar que todos os donativos que damos chegam ao seu destino, porque nós próprios gostamos de encher o ego com a sensação de que fizemos o bem. Fizemo-lo, para todos os efeitos, independentemente do rumo dos acontecimentos. Disso, a nossa consciência liberta-se facilmente.
O que não é assim tão fácil é compreender o raciocínio da economia global.
Eu sei que economia e finanças são coisas diferentes e havia muito para dizer sobre isso, mas nós não temos tempo (nem vontade). O que apetecia mesmo era respostas simples, breves, sem gargarejos intelectuais, sem tecnicismos que o português pequenino e iletrado, o cidadão migrante e trabalhador, não entende de todo. Porque são estas as pessoas afectadas pela crise.
Os bancos, em época de crise, recorrem - excepcionalmente - ao estado que lhes faculta uns trocados. A intenção é boa. As pessoas dependem dos bancos, entre outras coisas. Mas o que na realidade acontece com esses empréstimos traduz-se num serviço de crédito muito mais comprometedor entre o banco e o cliente, aumentos das taxas e piores condições de financiamento. E não se pense que não sou totalmente contra o empréstimo desenfreado a todo o pé descalço que gosta de trocar de carro em anos ímpares. Mas reconheço, obviamente, que precisamos dos bancos. Porque, ao contrário dos seus administradores, os nossos vencimentos não nos permitem ter uma casa assim do pé para a mão. E já não pedia mais nada. Normalmente é assim: a alternativa ao banco seria o Euromilhões e o magano anda por perto mas teima em boiocotar-nos a esperança, quando tudo o que nós dizemos é 'ao menos que desse para pagar a casinha!' Enfim. Há também a indústria automóvel que precisa de ajuda. Porque é importante fazer carros, vendê-los, levá-los para casa e enfiar o Smart dentro do Golf dentro da C-Max (porque já não há estacionamento que resista e um lugar na cave custa umas milhenas e só la cabe mesmo o Smart). Pelo desemprego até voto a favor mas a verdade é que as ajudas são aprovadas e nos despedimentos não há volta a dar. Esperem lá. Estou a descobrir que isto da crise é um periodo fértil é para o fornicanço entre a classe alta. Não hão-de faltar aí criancinhas em 2009 (ano de recessão ou de prosperidade, sr. ministro?) a nascer de rabinho virado para a lua!
Esta constipação e o telefone sempre a tocar não me dão um segundo (para quem pensa que tou a laurear a pevide e não a ser fustigada ao longo do meu desabafo) ...

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