segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

ausências

Quando se viaja, está-se ausente.
Está-se ausente do sítio que deixamos e não se chega a estar presente no local que visitamos.
O corpo e a alma dissociam-se. O pensamento foge-nos muitas vezes para as raízes que ficam para trás, queiramos ou não.
Quando partimos, não somos pertença de nada.
Mas ao regressar, sabemos que deixámos fragmentos de nós que mais ninguém sabe.
As recordações não são algo que trazemos. São reflexos de pedaços por nós deixados lá, na pedra daquele caminho, nos olhos de alguém que cruzou os nossos, no quotidiano que nos marcou e que pulsa hoje, no mesmo sítio, indiferente à nossa passagem.
Indiferente para todos, menos para nós mesmos.

O corpo move-se milhas. A alma segue-o. Atrasada.
Enquanto andamos, deixamos um rasto que luta por se despegar.
Por muito que nos custe correr, dói muito mais à alma cortar os laços que se querem deixar ficar.

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