Há uma longa estrada que se dirige ao interior e atravessa aldeolas (que nem aldeias chegam a ser), ladeada por verde e por "fantasmas" feitos de lixo que, segundo teoria sugerida, assinalam entradas para casebres, no meio daquele caminho sempre igual. Há cenotes e outros paraísos escondidos, longe da vista.
As casas que se sucedem são pintadas de cores ocres e berrantes, e a terra é vermelha. Avistam-se pátios interiores, de porta escancarada aos olhares, onde pendem camas de rede para descansar as moléstias de um dia de sol e suor.
Na berma, cães que parecem todos iguais coçam-se com vagar. Galinhas passeiam pela terra batida e desaparecem por caminhos sem destino.
Cai a noite devagar. O comércio é repetitivo, vazio, lúgubre. Os sorrisos destoam do ambiente perdido e sujo. Ouvem-se televisões, transistores.
Abarco tudo num olhar àvido, com ouvidos atentos e de narinas dilatadas.
Escrevo para não me esquecer.
E não me esqueço.
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