quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

lisboa

Que previlégio será este, o de ter uma vida familiar e profissional tão suburbana? A tranquilidade cénica. Ou a pacatez das pessoas. Talvez um ambiente não tão poluído? Não sei. Sei que sinto falta do movimento de Lisboa. É viciante Lisboa. Entranha-se em nós. A Mouraria do supermercado indiano e as ruas estreitas por onde fugi com três malucas num carro demasiado largo, a Rua Augusta com os seus sons e os passeios pelas lojas de pronto-a-vestir (quando ainda não eram Bershkas, mas talvez apenas Zaras e Por-fí-ri-os), o Teatro D. Maria, a ginjinha e o restaurante onde se comia o panado de pé. O Brás & Brás. A subida íngreme pela Praça da Alegria até ao Príncipe Real, bem cedo, com o cigarro na mão a desafiar um estoiro aos pulmões, no cimo da escadaria. Os almoços por baixo da grande árvore, no meio dos pombos. O metro de Arroios. A Portugália. A Guerra Junqueiro com a insossa Délifrance. E Benfica, da loja das carteiras, do 388 onde comprava os Risqués. Da pastelaria com a vitrine interminável. Da CGD e do prédio onde morava a patroa da mãe. Do otorrinolaringologista onde íamos com a Lara e o Filipe. Das matinés no Fonte Nova, do blind date da Guida com aquele gajo de barba. Da Escola Superior.
Tenho bilhete duplo para ir hoje ao S. Jorge ver o Valquíria. Não vou. Fico por casa.
Há dias em que parece que a principal característica do subúrbio é ter a capacidade de me afastar cada vez mais da minha cidade.
"
(acho que me estreei a escrever a palavra insossa)

Sem comentários: