A primeira pincelada é incerta, tímida, sem saber ao certo onde quer chegar. Transmite uma espécie de vibração sensorial que se espalha pelas artérias e se sente em todo o corpo. A côr é inebriante, a substância espessa e luminosa marca a tela em relevo, num desperdício pecaminoso de tinta farta. Não importa de onde vem, para onde vai, se condiz ou faz sentido. Importa dar-lhe expressão e movimento. Tem muito mais a ver com sentimento que com lógica, muito mais com exteriorizar gestos que com chegar ao detalhe. A precisão é antípoda ao prazer e à terapêutica da arte plástica.
Sempre gostei de pintar. Desisti apenas porque receei que me sugasse toda a energia que me mantinha sã. E agora, escrevo. E quando não escrevo, penso.
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