terça-feira, 21 de abril de 2009

outros lamentos

Quando caímos, não caímos de pé. Isso foi uma patranha optimista inventada por alguém que ganha a vida a escrever livros de títulos firmes e sorridentes. A verdade é que caímos sempre de joelhos, prostrados, vergados. Muitas vezes caímos de bruços, com espalhafato, e há até quem nunca se levante. As minhas quedas (à excepção das justificadas por falta de valproato) têm sido quase sempre resultado de entregas excessivas e confianças cegas, não necessariamente aos outros mas à ideia que construo deles.

A desilusão.

Porque não? É um tema como outro e que nos une em comunhão, quer pela experiência partilhada, quer pela sobrevivência a que nos forçamos.

Isto soa a psicanálise. Vou meter por outro caminho.

Gostava de perceber a correlação existente entre a surpresa das pequenas grandes desilusões e as dores de estômago. Certamente existirá essa causalidade e meia dúzia de palavras difíceis, dispersas entre substâncias libertadas pelo cérebro e efeitos provocados no organismo, devem explicá-la muito bem.

A desilusão e a injustiça.

Há alturas em que temos dúvidas se merecemos que aquela atitude provoque em nós aquela sensação. Deve existir então um mal-entendido entre as partes, um curto-circuito, qualquer coisa fortuita ou acidental, que não envolve responsabilidades ou culpas e faz parte do percurso.
Mas somos, ocasionalmente, confrontados com a injustiça com que nos julgam e com a desilusão que isso provoca. Nesta altura, em que sabemos nomear a atitude e a sensação, sabemos que não tropeçámos no caminho, mas que alguém nos rasteirou.

Às vezes canso-me de cair e de me levantar.

1 comentário:

Anónimo disse...

dói, sei que dói, pois não sou imune. no entanto, há algum tempo que descobri o quanto de cobardia, inveja e pequenês existe em quem se esquece de tirar a perna. dói-me mais é o lamento e a misericórdia a que nos votam. aprecio é a amizade a estima e sobretudo o mimo.
então aqui está o meu miminho. um forte abraaaaaaaaaaaaaaaaaço
filipe pires