Há sempre qualquer coisa que mudaríamos em nós, normalmente até mais do que uma, mas que sabemos jamais conseguir. Faz parte de nós, não é uma teima passageira ou uma aresta que se lime. O pior é quando nos damos conta que alguém nos irrita imenso por aquela sua característica tão particular, para concluirmos depois que é algo de que também padecemos. Pensamos então, será possível que eu inspire tamanha irritação nos outros quanto este gajo me inspira a mim com este tique desprezível? E provavelmente a resposta é afirmativa. Credo!
Eu, por exemplo, sou uma bufona. Gosto de bufar. Quer dizer, não gosto, mas preciso. Quando me irritam, quando estou em stress, só porque sim. Às vezes até solto aquele suspiro prolongado, tão característico das pessoas mais velhas, quando se sentam pesadamente no cadeirão da sala, para uma matiné de tédio.
Sempre soube que era bufona, acho que sempre fui. Mas é chato dar-me conta de repente que esta minha característica pode custar-me o ódio miudinho dos outros, que têm de levar com o meu bufanço. Só a palavra em si é medonha, mas caracteriza muito bem o acto. É chato ouvir alguém bufar, como se estivesse sempre sem paciência, sempre a carregar um fardo demasiado pesado.
Era o que mudava, se pudesse, nas coisas-impossíveis-de-mudar. Mas como não tenho muitas esperanças, rogo a todos os que me rodeiam que me perdoem quando bufo (credo!).
Para aqueles que nunca me ouviram bufar: são uns sortudos! E certamente, não me conhecem lá muito bem.
1 comentário:
Socorro e eu que já confidenciei tanta coisa!!!!!! Ai que que já me descaí outra vez. poça....
filipe pires
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