terça-feira, 14 de julho de 2009

circular #1

É oficial. Detesto o meu trabalho e tudo o que ele representa. Incluem-se (para além das tarefas óbvias que nele estão implícitas):
- o percurso de ida e volta, com as suas obras, cortes de estradas e desvios ad eternum, com os seus camiões-cisterna e outros pesados de carga a projectar calhaus de lama seca que acumulam nos pneus, com os sucessivos stands de automóveis, armazéns de mobiliário e comércio de pedra à beira da estrada;
- os colegas, tão próximos fisicamente, mas a quem não apetece contar aquela aventura espectacular de fim-de-semana ou a mais recente frustração, por mais que os meses de convívio se acumulem;
- a paisagem natural, demasiado serena e vazia, que se tem de todas as janelas de um escritório que tem, visto de fora, o aspecto de um centro de Inspecções Periódicas Obrigatórias.
Detesto o lugar garantido que tenho sempre para o carro, o insatisfatório ordenado certo ao final do mês (que sou eu a processar, o que lhe retira o gozo de ser algo que nos dão) e o lance de escada que subo todas as manhãs sempre com o mesmo pensamento.
Detesto pensar que não devo aspirar a mais neste momento por cautela, pela tranquilidade que a certeza das coisas nos dá.

1 comentário:

Miss Kin disse...

Mesmo percebendo a tua frustração, por não te levantares de manhã a cantar, cheia de vontade de ir trabalhar, por ires ver os melhores companheiros de trabalho de sempre, por teres um caminho livre de trânsito e outras situações, para chegar ao teu destino... Mas saber que se tem com que pagar o tecto que nos cobre a cabeça no fim do mês, é sem dúvida nos dias que correm, um luxo!