terça-feira, 7 de julho de 2009

os fenómenos

É o assunto do dia, da hora, do momento. É um fenómeno, potencialmente criticável, porventura agigantado por uma cobertura mediática desproporcional e pela euforia das massas, mas não deixa de ser um fenómeno. E eu gosto de pensar sobre os fenómenos.
Por exemplo, se é certo que já não posso ouvir os anúncios do BES, orgulhosa instituição bancária que detém muito provavelmente a publicidade mais compensatória da classe, e se já reviro os olhos à bajulação permanente e desmedida em torno do agora CR9, também é um facto que tenho de reconhecer no prodígio um grande mérito e uma astúcia empresarial e profissional que temia que ele não dominasse (a verdade é que não o tenho em grande consideração como miúdo-homem: estou certa que se não fossem os milhões e o meio social metro-trendy que o envolveu em Inglaterra, bem como - obviamente - o talento inato para a bola que o levou até lá, seria um espécimen de saloio com acne, possivelmente analfabeto).
Assim, gosto de olhar para o Ronaldo como um "fenómeno", um objecto de estudo social, e não certamente como sex-symbol (que não é) nem tão pouco como o jogador de futebol exemplar, pois mesmo aí considero que lhe está em falta um patamar, porventura de maturidade, que lhe daria o tal estatuto pleno. Também não será o meu embaixador de eleição mas suponho que se justifique o orgulho massivo nacional, particularmente insular.
No resto, e quando comparo as suas excêntricas e por vezes abusivas fintas aos fabulosos movimentos de outro fenómeno já extinto, reconheço-lhe a inimitabilidade e o fascínio. Basta recordar o moonwalk para admitir, sem reservas, que não sendo o sex-symbol, o homem, ou o profissional de eleição, há em alguns fenómenos a personalidade d' O Artista.

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