quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

o mesmo tipo de amor

Há aquelas mães que, mesmo antes de o serem, já se lhes adivinha a rudeza dos gestos, o empinar da anca para apoiar crianças robustas e o comportamento despreocupado, quase negligente. São mães que tendem a sê-lo segunda e terceira vez, e de cada uma, se tornam mais rudes no amor maternal, mais fortes a domar o rebanho, mais relaxadas na sua maternidade. Não são necessariamente as mães pobres, de bairro, de campo. Há-as também urbanas e citadinas, que não lavam roupa no tanque e trabalham num escritório.
E há aquelas outras mães, que o são em toda a sua candura desde a embrionagem do rebento. As que preparam com afinco ninhos de linho e puro algodão. São as que gostam dos tons pastel e decoram o quartinho com irrepreensível bom gosto, deixando-lhe permanentemente uma aura clara, brilhante, e um agradável odor a bebé. Têm sempre gestos delicados, as fraldas são bordadas, as roupas são hipoalergénicas e os objectos são imaculadamente esterelizados.
Não me revejo numa, nem na outra.
Parece que em alguma coisa na minha vida existe finalmente algum equilíbrio.

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