sábado, 29 de outubro de 2011

impotência

Gosto de ver séries sobre médicos, cirurgiões, enfermeiros, ambientes esterilizados e frágeis, onde não há margem para erro. Gosto de apreciar, na minha ignorância pueril, a forma como empunham bisturís e recortam firmemente a dura-máter e o espaço subaracnoideu, sem hesitar, nas rigorosas neuro-cirgurgias. Ou então, acompanhar a precisão com que transplantam órgãos, separando cada veia, cada vaso, que depois voltam a ligar, miraculosamente.
Faz-me suspender a respiração. Pensar que a qualquer momento vão atingir uma área proibida, uma zona perigosa, como se pudessem despertar um nervo que não mata, mas acorda a dor, o desespero, para um grito mudo que ninguém - acordado - ouve.
Eu sou constantemente tocada em áreas proibidas, em zonas perigosíssimas, e assim, sem mais, despertam uma e outra vez, nervos adormecidos. 
Eu grito, mas do fundo desta anestesia sombria, parece que ninguém ouve.

Poucas coisas são tão frustrantes como não ter palavras para descrever o que se sente, quando julgamos que é de palavras que somos feitos.

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