segunda-feira, 23 de junho de 2008

catequese

Lembrei-me há pouco de uma catequista que tive quando era miúda. Chamava-se Corina (D. Corina, porque o hábito assim o exige para quem não a concebia com outra designação). Sempre tive a suspeita de que os meus catequistas começavam por depositar em mim grandes esperanças, para cedo se aperceberem que se enganavam, porque acho que a minha descrença sempre me denunciou. Nunca tive culpa de não ser crente e até me esforçava por ser mais responsável e dedicada a estes assuntos, como era a minha irmã, mas nunca fui muito bem sucedida. De qualquer maneira, lá em casa nunca ninguém foi muito religioso. Somos aquilo que eu posso chamar de católicos por imposição moral.
Acabava por gostar de ir à catequese, aos sábados de manhã, e sentar-me nos bancos baixinhos, formando uma rodinha com os outros meninos e a paciente D. Corina. Nunca saía de casa entusiasmada mas depois de lá estar sentia-me bem e saía com uma agradável sensação de dever cumprido. Ganhei também o hábito de passar sempre pela padaria da D. Rosa para comprar um suspiro gigante, que lambia até chegar a casa da Nani, a caminho da igreja. E ficava mais contente ainda quando a D. Corina, pouco instruída mas cheia de meiguice, nos dizia a todos no final das sessões semanais que corriam melhor, que estava muito "sast'feita" connosco.

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