quarta-feira, 18 de junho de 2008

Golf prata de 2002

Ando atormentada com aquele homem que tem dormido dentro do carro, no meio do descampado em frente à minha casa. Penso no homem todos os dias e vejo-o muitas vezes, de relance, quando chego a casa a horas tardias e ele já se recolheu, ou quando passeio o cão na rua bem cedo e ele ainda dorme. Não o vejo bem, por isso não me familiarizei com o seu rosto.
É intrigante, o homem e a situação. Não é um vagabundo comum, com mau aspecto - vi quando o reboque deixou lá o Golf (bem estimado!), apenas com um pneu furado, e nessa altura lembro-me de olhar para o senhor, jovem - mas não lhe fixei os traços por não me ter chamado muito a atenção. O certo é que o carro lá está, coberto de pó, agora com plásticos a cobrir uma janela, com o seu peluche pequenino do Sporting pendurado num dos vidros.
Gostava de conhecer a história deste homem. Ainda que não me diga respeito e que possa ser uma parva ilusão, não consigo resistir à tentação do drama que construi.

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