terça-feira, 17 de junho de 2008

Pontos de vista

No outro dia dei por mim a pensar no que passa pela cabeça de um homem que pretende seguir a especialidade de Obstetrícia-Ginecologia, como carreira profissional, e como se caracteriza o fascínio que o puxa para essa área específica. É possível que um jovem estudante de Medicina não contemple a conotação sexual que é intrínseca a esta opção, ou será que o chamamento deriva exactamente desta conotação? Os médicos são (devem ser) homens da ciência, (supostamente) impermeáveis a influências sensitivas que possam condicionar o seu desempenho, mas todo o processo de escolha desta especialidade me faz uma certa confusão.
(Não que as histórias de uma amiga Urologista e dos exames de rastreio aos seus pacientes não me provocassem um profundo choque... mas a ginecologia parece-me o melhor exemplo do meu assumido preconceito de não-pessoa-da-ciência)
Diverti-me sobretudo quando os meus pensamentos sobre este assunto começaram, infantilmente a construir cartoons. Qual é a reacção de uma mãe quando um filho lhe revela, obstinado e confiante, que pretende ser Obstetra? É sempre bom ter um filho médico - sei lá... por mil e uma razões - mas assumo que neste caso a mãe exclua a hipótese de vir a beneficiar directamente com esta escolha e que não se entusiasme com a ideia de lhe apresentar os ovários enquanto relembra, nostalgicamente, as inúmeras vezes que este lhe perguntou com voz infantil: Mamã, de onde vêm os bébés?
Isto é tudo muito engraçado, mas correndo o risco de soar a preconceito e de passar eu por pervertida, prefiro continuar a não ver barbas rijas a espreitar cá para onde não devem.

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