segunda-feira, 24 de novembro de 2008

contra golpe à apatia

No momento em que entrou, agarrei o elefante e, com toda a minha força, arremessei-o contra o móvel da sala. Não foi como nos meus sonhos. Nos meus sonhos o habitual é insurgir-se contra mim uma espécie de campo magnético que me desarma quando tento reagir. Cada gesto de força impulsionado pela ira é, normalmente, travado por uma barreira invisível. Frustrada, acabo por ver os meus próprios movimentos em câmara lenta, esgotados, inversos ao que ao que me pede a vontade interior. Não foi nada assim. O elefante (como elefante que é) atingiu estrondosamente a madeira e o vidro do móvel, estilhaçando os objectos outrora organizadamente dispostos.
A sensação de alívio.
Tão bom sentir que, por uma vez, tive a força que me falta nos sonhos.
Durante breves segundos gozei do silêncio de espanto e medo à minha volta.
Depois, aliviada, deixei-me cair no sofá com um sorriso nos lábios.

Sem comentários: