sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

bom natal e muita saudinha

Desde que saí ontem do dentista, com a bochecha direita adormecida e inútil, que questiono quanto tempo irei suportar esta coisa horrorosa que deverei assimilar como parte integrante da minha boca durante alguns meses. E não obstante o facto de achar que sim, que vai valer a pena e que vou implantar um dente lindinho a substituir o meu exemplar que estava irremediavelmente comprometido, custa-me a crer que este bocado de plástico colado ao céu da boca através de um suspeito processo de vácuo, vá alguma vez, durante estes meses que me esperam, deixar de ser, obstinadamente, rejeitado pelo meu corpo. 
Entretanto o meu cérebro anda para aqui às voltas com coisas muito mais importantes, nomeadamente as palavras 'filha', 'internada', 'febre', 'raio-x', 'análises', 'ventosas', que estou ainda a tentar conjugar numa frase com sentido que não me faça o coração em fanicos, enquanto espero um ok para deixar o trabalho, onde não estou claramente concentrada em coisíssima alguma, para poder correr para lá, onde, mesmo sem poder fazer nada, quero estar presente.
Não há prótese para substituir o coração de uma mãe.

Sem comentários: