quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

para o ano há mais (porque é bom sinal)

O meu Natal foi tremendo. Tremendo de bacalhau, de perú, de cabrito, de lombo recheado, de acompanhamentos deliciosos, de roupa-velha e outras variantes salgadas; foi tremendo de doces: rabanadas, filhós, sonhos, bolo-rei, tortas e tartes, miniaturas, arroz doce e aletria; tremendo de queijos e presunto com brôa, pão saloio e regueifa. Foi um Natal tremendo de comida e bebida, tremendo até ao desperdício, curiosamente em ano de aguda crise económica (ninguém me tira da ideia que as pessoas tentam aniquilar o fantasma da crise com um consumismo bruto), que me conduziu não poucas vezes a pensamentos de grande frustração e empatia pelos que teriam, àquela hora, um Natal tremendo de frio, fome e solidão.
Tive um Natal tremendo de criançada, gargalhadas, entusiasmo, calor, luzes e boas cores, que foi também um Natal tremendo de correrias, azáfama, barulheira, birras, choros, discussões e egoísmo.
Foi o primeiro Natal da minha filha. Foi o meu primeiro Natal com a minha filha e não perdi a cabeça, nem as estribeiras por isso. Ela, que nem sabe o que foi tudo aquilo, que rodopiou de colo em colo e não descansou o que devia, mostrando-se, como eu, muitas vezes exausta e nos limites da paciência. Ofereci-lhe um livro, que custou pouco mais que dez euros. Apenas isso, que espero seja algo de que ela goste sempre, os livros.
Tive um longo fim-de-semana de Natal. Foi um bom Natal. E como sempre acontece depois de passar algum tempo com a família toda reunida, suspirei de alívio ao regressar a casa.

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