segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Já passaram dez dias. Morreu a mãe de uma amiga, do nada, num segundo, sem um ai.

Obriguei-me mais uma vez a aceitar que, quando estas coisas acontecem, temos de conciliar o luto com as inevitáveis burocracias e formalidades. Aflige-me que haja tanto em que pensar quando o corpo só consegue sentir desalmadamente. Ponderei mais uma vez sobre a morte. A morte acontece sempre, mais cedo ou mais tarde. Ou deixamos alguém a sofrer por nós ou teremos de aceitar sofrer por alguém que parte. Cheguei mais uma vez à conclusão de que mais vale não pensar muito.

De uma forma obstinada, sempre me agradou a 'lógica' da longevidade ser o pretexto ideal para a morte. Lembro-me de, em pequena, temer que me faltasse a minha mãe, por alturas em que comecei a perceber que as pessoas mais velhas iam desaparecendo para sempre. Era um medo horrível. Mas fui crescendo com a ideia de que, por muito que a minha vontade seja a de perpetuar até aos limites do possível a vida dos meus pais, será sempre melhor que não sejam eles a ter de suportar a dor de me perder a mim.

E agora que fui mãe renova-se com muito mais significado esta filosofia. Nenhuma mãe do mundo devia passar pela dor que (imagino) seja a de perder um filho.

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