segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

mais do costume

Hoje sonhei muito. Sonhei com uma pessoa que não conheço. Um estranho.
E ali estava, familiar e naturalmente, a invadir território que não lhe pertence, com ousadia, sem receios, como se outra coisa não fosse de esperar.
O estranho ria-se para mim de forma franca, enquanto abanava a cabeça como quem me toma por frágil, como se eu fosse uma criança de colo que ele quer e sabe que pode proteger. Sinto-me vulnerável como se aquele sorriso mostrasse que eu sou transparente. O estranho consegue ver-me como se eu fosse revestida por uma carcaça de cristal, que deixa perceber o bater mais forte do coração, o sangue a correr mais depressa e todas as alterações que se processam no meu interior. Tento calar o pensamento mas as palavras aparecem escritas no ar e nada do que penso ou sinto permanece mistério. E há qualquer coisa de condescendência na sua postura, como quem mostra que pode optar por uma de duas coisas, das quais depende toda a minha vida. Deixa-me quebrada, impotente.
Enquanto acordo devagar, percebendo que estou a passar desse estado de respiração suspensa para o despertar da consciência, tenho tempo para perceber que ele tem uma terceira opção, a de não escolher. E ainda vislumbro, antes de abrir os olhos, aquele sorriso complacente, que me dá a certeza de ter paredes transparentes e de estar a ser constantemente observada.

Uma noite mais ou menos igual às outras, portanto.

1 comentário:

nuno disse...

Esse estranho parece ter poderes! A pergunta é - Consideras esse Sonho um sonho ou um pesadelo?