quinta-feira, 17 de março de 2011

gipsy

A minha vida deu uma reviravolta daquelas que, não fora o magnetismo terrestre, e eu teria trambolhado para a mesosfera e por lá andaria a flutuar. De repente, do meu número fixo já não serei eu a atender,  terei de dar uma cópia da chave do correio a estranhos, não terei mais serões a balançar-me no cadeirão onde tantas vezes embalei a minha filha e, pior, serão outros a dormir na minha cama. Sair da nossa casa para lá deixar alguém no nosso lugar, a fazer as suas coisas com as nossas coisas, é do mais estranho que há. Quando temos de o fazer de repente e damos por nós num sítio que não é céu nem inferno, mas uma espécie de purgatório, uma sala de espera onde aguardamos que se abra a porta para o lugar que realmente nos irá pertencer, a coisa piora. Não sou nómada, não me entendo com desenraizamentos, sinto-me perdida, desapoiada, mesmo quando tenho alguém a amparar-me. Vou andar uns tempos nesta vida de não-pertença, nesta coisa de emigrante de lar. Esforço-me por pensar que é por uma boa causa mas, de momento, nada me consola. Isto com tempo vai lá.

No Domingo vou participar na mini-maratona de Lisboa. Espero conseguir afastar estes pensamentos, pelo menos enquanto ainda estiver no tabuleiro da ponte, a uma altura considerável.

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