quarta-feira, 10 de agosto de 2011

shape of my heart



Faz-me lembrar várias coisas.
Um miúdo metido a mágico amador, de cabelo loiro, vizinho da N., que tinha a mania de exibir truques de magia sempre que me encontrava lá pelo prédio e que por isso certo dia me ia cortando um dedo com uma das suas demonstrações que envolveu, precisamente, o meu indicador e uma guilhotina em miniatura com uma lâmina ligeiramente enferrujada.
Lembra-me que não gosto de ilusionistas. Fazem-me sentir insegurança pelo facto do seu talento ser avaliado proporcionalmente à sua capacidade de ludibriar os outros com desfaçatez.
Faz-me recordar um certo concerto do Sting, no Jamor, ao lado de um namorado que era o 'tal', com todas as certezas que se me afiguravam no presente.
Consequentemente, faz-me pensar em sexo tântrico (por causa do Sting, não do namorado).
Lembro-me do único truque que já soube fazer com um baralho e que achava o máximo até perceber que não enganava ninguém.
Penso na dolorosa evidência de que nunca tive o mínimo jeito para baralhar cartas embora me fascine a mestria com que o fazem quase todos os meus amigos, e também o facto de ser um zero a jogar uma sueca que seja.
E faz-me questionar se algum de nós saberá, para lá de qualquer sombra de dúvida, que forma tem realmente o nosso coração.

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